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Por Que Você Sente Culpa na Maternidade?

  • Foto do escritor: Daniela Branco
    Daniela Branco
  • 23 de nov. de 2024
  • 3 min de leitura

Ilustração de uma mãe sentada no sofá, olhando para o horizonte com expressão reflexiva. Ao seu lado, brinquedos infantis espalhados no chão, representando o contexto da maternidade. A imagem simboliza os desafios emocionais enfrentados pelas mães, incluindo sentimentos de culpa e sobrecarga

A culpa na maternidade é um sentimento universal, que atravessa culturas, gerações e contextos. Muitas mães se perguntam: “Estou sendo boa o suficiente para o meu filho?” ou “Será que tomei a decisão certa?”. Para compreender de onde vem essa sensação tão comum, podemos recorrer à teoria freudiana, que oferece insights valiosos sobre a psique humana e os conflitos internos que moldam nossas emoções.


A Culpa e o Supereu


Na teoria freudiana, o sentimento de culpa está diretamente relacionado ao funcionamento do supereu, a parte da mente responsável por regular nossos padrões morais e éticos. O supereu se forma durante a infância, a partir da internalização das normas e valores transmitidos pelos pais e pela sociedade. Ele age como uma espécie de "juiz interno", avaliando constantemente nossas ações e pensamentos. Por Que Você Sente Culpa na Maternidade?


Na maternidade, o supereu pode se tornar particularmente rígido. Isso acontece porque as mães frequentemente internalizam ideais muito elevados e até impossíveis de serem alcançados. Esses ideais incluem a crença de que uma boa mãe deve:


  • Estar sempre disponível emocional e fisicamente para o filho.

  • Proteger o filho de todos os perigos.

  • Garantir que ele seja feliz, saudável e bem-sucedido em todos os aspectos da vida.


Quando a realidade não corresponde a esses padrões – e raramente corresponde – surge o sentimento de culpa. O supereu, muitas vezes inflexível, faz com que a mãe se sinta inadequada, mesmo quando está fazendo o melhor que pode.


O Conflito entre o Id e o Supereu


Além do supereu, Freud também fala sobre o id, que representa nossos desejos primitivos e instintivos. A maternidade frequentemente coloca o id e o supereu em conflito. Por exemplo, enquanto o id deseja momentos de liberdade, descanso e prazer, o supereu exige sacrifício e dedicação incondicional. Esse conflito pode gerar um estado de tensão psíquica, que se manifesta como culpa.


Imagine uma mãe que, após um dia exaustivo, decide assistir a um filme enquanto seu filho brinca sozinho. O id celebra essa escolha de autocuidado, mas o supereu pode interpretar essa ação como negligência, gerando culpa.


A Relação com a Figura Materna e os Desejos Inconscientes


Outro aspecto interessante da teoria freudiana é o papel do inconsciente. Muitas mães projetam em si mesmas expectativas baseadas em suas próprias vivências com a figura materna. Se tiveram uma mãe que parecia infalível ou que se sacrificava constantemente, podem sentir que precisam repetir esse padrão. Por outro lado, se experimentaram falhas ou ausências em sua relação com a própria mãe, podem tentar compensar essas experiências, buscando ser "perfeitas" para seus filhos.

Freud também apontava para os desejos inconsci

entes que coexistem com o amor maternal. Sentimentos ambivalentes, como cansaço, frustração e até raiva, são normais, mas o supereu frequentemente os reprime, interpretando-os como inaceitáveis. Essa repressão intensifica a culpa, já que a mãe acredita que não deveria ter esses sentimentos.


Como Lidar com a Culpa na Maternidade?


A teoria freudiana nos ajuda a entender que a culpa na maternidade não é apenas fruto das circunstâncias externas, mas também de conflitos internos profundamente enraizados. Aqui estão algumas formas de aliviar essa carga emocional:


  1. Reconheça a influência do supereuPerceba que os ideais que você busca alcançar podem ser irreais ou excessivamente rígidos. Questione esses padrões e permita-se ser uma mãe suficiente, em vez de perfeita.


  2. Aceite a ambivalênciaFreud nos lembra que o amor não exclui sentimentos negativos. Sentir cansaço, irritação ou frustração não diminui sua capacidade de ser uma boa mãe. Esses sentimentos fazem parte da experiência humana.


  3. Revisite sua história pessoalReflita sobre a relação com sua própria mãe e identifique se há padrões ou expectativas que você está tentando reproduzir ou evitar. Essa consciência pode ajudá-la a criar um estilo maternal mais autêntico e alinhado aos seus valores.


  4. Cultive o autocuidado e a autoaceitaçãoEntenda que cuidar de você mesma é tão importante quanto cuidar do seu filho. Ao atender às suas próprias necessidades, você fortalece sua capacidade de estar presente emocionalmente para ele.


Conclusão


A culpa na maternidade é um reflexo do amor profundo que você sente pelo seu filho, mas também dos conflitos internos que a teoria freudiana tão bem explica. Reconhecer esses conflitos e trabalhar para torná-los mais conscientes é um passo essencial para aliviar esse sentimento. Lembre-se: ser uma boa mãe não é sobre perfeição, mas sobre presença, cuidado e humanidade. Ao aceitar suas limitações e acolher suas emoções, você não só se torna mais leve, como também dá ao seu filho o exemplo de uma vida emocional saudável.

 
 
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