Pais que superprotegem seus filhos
- Daniela Branco
- 13 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de nov. de 2024

Winnicott aborda a ideia de amadurecimento como um processo contínuo que depende de um ambiente suficientemente bom, ou seja, um ambiente que proporcione acolhimento, proteção e, ao mesmo tempo, permita a gradual separação e autonomia do indivíduo. No contexto da infância e adolescência, esse amadurecimento exige um equilíbrio entre a proteção e a liberdade para que a criança ou adolescente possa enfrentar os desafios da vida e desenvolver uma identidade própria.
Quando Winnicott fala sobre falha ambiental, ele se refere à incapacidade do ambiente de prover o suporte necessário para o desenvolvimento emocional saudável. Isso pode ocorrer quando há superproteção por parte dos pais, que, ao tentar evitar que seus filhos passem por frustrações e desafios, acabam prejudicando o processo natural de amadurecimento. Ao serem superprotegidos, os jovens podem não desenvolver as ferramentas emocionais e psicológicas necessárias para lidar com as dificuldades e, em vez disso, tornam-se dependentes dos pais ou de outras figuras externas.
Relacionando essa ideia ao uso da tecnologia nos dias de hoje, observamos que o uso excessivo de dispositivos digitais pode ser uma extensão desse tipo de falha ambiental. A tecnologia, embora tenha benefícios, pode funcionar como um mecanismo de fuga ou substituição para os processos naturais de frustração e crescimento.
Pais que superprotegem seus filhos muitas vezes permitem ou, até mesmo incentivam, o uso (excessivo) da tecnologia, como forma de evitar que os filhos enfrentem o tédio, o desconforto ou a frustração – emoções que são essenciais para o desenvolvimento da resiliência e da autonomia.
Ao tentar proteger os filhos de desconfortos por meio da tecnologia, os pais podem estar criando um ambiente que falha em apoiar o amadurecimento.
A falta de experiências reais e o uso excessivo da tecnologia podem prejudicar a capacidade da criança ou adolescente de desenvolver uma identidade própria, além de limitar o aprendizado de como lidar com conflitos e frustrações no mundo real.
Proporcionar um ambiente em que os filhos possam usar a tecnologia de maneira saudável, mas também tenham espaço para vivenciar o desconforto e os desafios do dia a dia, sem serem excessivamente protegidos. Isso permite que a criança ou adolescente construa uma base emocional sólida, desenvolvendo a capacidade de estar só, de enfrentar dificuldades e de amadurecer de forma equilibrada.





